O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, mostrou desconfiança ao comentar a medida do governo de corte de mais de R$ 10 bilhões no Orçamento da União para conter o aquecimento da demanda na economia. "Precisa ver se é corte de verdade ou se é espuma", afirmou Serra, revelando que até agora só tem "a notícia" do corte. "Se tiver desperdício para cortar, tudo bem. Mas se não tiver, aí não", disse.
Serra deu uma entrevista de pouco menos de uma hora no Programa Francisco Barbosa, da Rádio TV, no Rio de Janeiro. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o corte de R$ 10 bilhões é uma medida anticíclica para que o crescimento da economia seja sustentável e equilibrado.
O ex-governador de São Paulo disse que, se eleito, fará uma reforma administrativa "logo de cara" e criticou mais uma vez o "loteamento" de cargos federais no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Serra insistiu que o presidente Lula não é candidato e, por isso, não é com ele que pretende debater. Questionado sobre o acirramento da campanha eleitoral, o pré-candidato foi bem humorado: "Você já ouviu Lupicínio Rodrigues? Eu tenho nervos de aço."
Serra afirmou ainda que está elaborando uma proposta para a criação de uma Polícia Federal (PF) fardada para atuar principalmente nas fronteiras e combater o tráfico de drogas e de armas.
Como contraponto ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pré-candidata petista Dilma Rousseff sobre as parceiras do governo federal com o governo do Rio de Janeiro e a prefeitura da capital fluminense, Serra disse que se for presidente terá a melhor relação possível com os governantes do Rio. Ele chegou a lançar a promessa de se dedicar à construção de uma linha de metrô até os municípios de São Gonçalo e Itaboraí.
Serra utiliza estrutura do Estado após deixar o cargo.
ResponderExcluirJosé Serra transmitiu o governo de São Paulo ao seu vice, Alberto Goldman, no dia 6 de abril. Foi à campanha.
O ex-governador desfila sua candidatura pelo país. De 14 de abril até a última sexta (15), já havia realizado 15 viagens. Visitara, no total, dez Estados.
Pois bem, 40 dias depois de se despedir do Palácio dos Bandeirantes, o candidato utiliza em eventos de campanha estrutura provida pelo Estado.
Serra dispõe de agentes de segurança pagos pelo contribuinte. Acompanham-no inclusive nas viagens.
Os gastos com combustível e celular da equipe de guarda-costas correm por conta da Viúva estadual.
Há mais: Em São Paulo, o candidato e parte de seu staff vêm utilizando carros oficiais para se deslocar a eventos de cunho eleitoral.
Não é só: contratados para a campanha, ex-servidores da secretaria de Comunicação do governo manuseiam celulares com os mesmos números de antes.
Deve-se o lote de revelações a um par de repórteres: Catia Seabra e Breno Costa. As informações constam de notícia que a dupla levou às páginas da Folha.
Instado a se manifestar, o governo do Estado alegou que não há nos achados nada que de irregular. Por meio de nota, informou-se:
1. Decreto editado em março de 2004 (48.526) obriga o Estado a prover segurança “de ex-dignitários e familiares no período de duração do mandato subsequente".
2. Quantos são os agentes destacados para fazer a segurança do ex-governador? O decreto não especifica. E o governo não informa.
3. Alega-se que o segredo visa resguardar a atividade da segurança.
4. Em 2006, ao trocar o governo pela candidatura presidencial, o tucano Geraldo Alckmin servia-se de dois agentes. E se movia em carro próprio. Uma Parati.
5. Na última quarta-feira (12), os repórteres testemunharam a presença de 12 agentes de segurança do Estado na casa de Serra, em São Paulo.
6. Sobre os ex-servidores deslocados para a campanha, informou-se que já não integram a folha do governo.
7. E quanto aos celulares? "A devolução de telefones celulares [...] é sempre solicitada" no ato do "desligamento...”
8. Abre-se, porém, “a possibilidade de conservar o número, para o melhor desempenho de funções, em especial junto à imprensa".
9. A nota esclarece: "Eventuais despesas residuais ou remanescentes (em contas telefônicas) são sempre adequadamente apuradas e recompostas ao orçamento da Secom".
10. Em esclarecimentos adicionais, o PSDB informou que, noves fora a segurança estatal, saem de suas arcas as verbas que bancam a pré-campanha de Serra.
11. Incluem do aluguel de jatinho e imóveis à contratação da empresa GW, que tem como sócio o marqueteiro de Serra, Luiz Gonzalez.
Ainda que o governo se escore num decreto, parece estranho, para dizer o mínimo, que Serra, agora candidato, cruze o mapa do país com escolta oficial.
Postado por pompeumacario às 06:10:00 - 17/05/2010 - 0 comentários